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Ministério do Trabalho propõe elevar PIS de empresas com rotatividade
  acima da média do setor 
Proposta da Fazenda, por outro lado, visa restringir o acesso ao
  seguro-desemprego e reduzir valor do abono Com o avanço no rombo do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), que chegará a R$ 5 bilhões neste ano, o governo prepara regras para reduzir os gastos com benefícios pagos ao trabalhador. 
O Ministério do Trabalho propõe aumento da alíquota do PIS para as
  empresas que apresentarem taxa de rotatividade acima da média do setor e
  redução do tributo para as que ficarem bem abaixo. 
A proposta rivaliza com outra, do Ministério da Fazenda, que busca
  endurecer as regras para pagamento não só do seguro desemprego como também do
  abono salarial, o chamado 14º salário. 
Uma ideia é elevar de seis para oito meses o mínimo que o demitido
  precisa ter trabalhado nos 36 meses anteriores à dispensa para ter direito ao
  seguro-desemprego. 
Além disso, o Tesouro quer dificultar mais o seguro para quem que
  tenta acessar o benefício mais de uma vez. 
Recentemente, o pagamento foi condicionado à matrícula em cursos
  profissionalizantes para quem estiver solicitando o seguro pela terceira vez
  em dez anos. 
A última proposta é reduzir gastos com o abono, equivalente a um
  salário mínimo e pago a trabalhadores de baixa renda, dando benefício
  proporcional ao tempo trabalhado no ano anterior. Só recebe o valor total
  quem ficou empregado o ano inteiro. 
Estuda-se também acabar com o abono, sob argumento de que ele foi
  criado para compensar o baixo valor do salário mínimo e, com os recentes
  reajustes acima da inflação, tornou-se desnecessário. 
As centrais sindicais já avisaram ao Planalto que não aceitarão
  medidas que retirem benefícios. 
ANÁLISE 
Brasil é o único país em que desocupação diminui e os gastos com
  seguro-desemprego aumentam 
JOSÉ PASTORE ESPECIAL PARA A FOLHA 
O Brasil é o único país no mundo em que a desocupação diminui e as despesas
  com seguro-desemprego aumentam. O paradoxo decorre de uma perversa articulação
  do seguro-desemprego com o FGTS. 
Para fazer jus ao seguro-desemprego, o empregado precisa ter
  trabalhado pelo menos seis meses com registro em carteira. Para poder sacar
  os recursos do FGTS, necessita completar um ano de serviço, desde que
  dispensado sem justa causa. 
Há um furo nessa articulação. Veja o que pode acontecer com um
  empregado que ganha R$ 1.000 por mês e que completa um ano de trabalho na
  mesma empresa. 
Nesse ano, ele acumula R$ 1.040 na conta do FGTS (inclusive a parcela
  do 13.º salário). Ao ser desligado sem justa causa, ele saca esse total e
  recebe um adicional de R$ 400 a título de indenização, perfazendo R$ 1.440. 
Como parte das verbas rescisórias, ele terá direito a R$ 1.000 de 13.º
  salário e R$ 1.333 a título de férias e abono, totalizando R$ 3.773. 
Uma vez despedido, ele receberá quatro parcelas no valor de R$ 763,29
  de seguro-desemprego, ou seja, R$ 3.053. 
Em resumo: durante os quatro meses de desempregado, ele disporá de R$
  6.826, o que dá uma média mensal de R$ 1.706. É ou não é um estímulo para não
  trabalhar? 
Para não perder o benefício do seguro-desemprego, ele opta por um
  emprego informal no qual ganhe R$ 1.000 por mês (ou R$ 4.000 nos quatro
  meses). O ganho total subirá para R$ 10.826. 
Para conter as despesas explosivas com seguro-desemprego, é preciso
  tapar os furos dessa sistemática. 
JOSÉ PASTORE é professor de relações do trabalho da FEA-USP. | 
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Fonte: Folha de S.Paulo | 
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
Governo quer reduzir despesas com seguro-desemprego e abono
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